A vegetação nativa da Região Nordeste vem sendo explorada e utilizada de forma intensiva e de maneira
inadequada para finalidades energéticas e nas construções rurais, tornando-se evidente a importância dos
conhecimentos relativos às características da madeira. Assim, essa pesquisa teve como objetivo avaliar as
características físico - químicas e energéticas da madeira, os rendimentos da carbonização e a caracterização
do carvão vegetal das esp écies
Poincianella pyramidalis
Tul. L. P. Queiroz (Catingueira) e
Handroanthus
impertiginosus
(Mart. ex DC.) Mattos (Pau-d’arco). Para atender ao objetivo, foram abatidas cinco árvores
de cada espécie, amostradas aleatoriamente na Fazenda Santa Bárbara, localizada no município de São
Mamede-PB. As árvores foram devidamente identificadas e transportadas para o Setor de Tecnologia de
Produtos Florestais (STPF) da Universidade Federal de Campina Grande. De cada árvore, foram retirados
toretes de 30 cm de altura a 0 (base), 25, 50, 75 e 100 % da altura comercial do tronco, considerada
at é 5 cm de diâmetro. Da porção mediana de cada torete, foi retirado um disco de 2,5 cm de espessura,
subdividido em quatro partes, em forma de cunha, passando pela medula. Duas cunhas opostas foram
utilizadas para a determinação da densidade básica, e as restantes foram reservadas para a realização das
análises físicas, químicas e energ éticas da madeira, os rendimentos em carbonização e a caracterização do
carvão produzido pelas esp écies estudadas. A densidade básica foi determinada de acordo com o método
da balança hidrostática e para a determinação da densidade básica média de cada árvore utilizou-se como
fator de ponderação o volume entre seções de cada disco. Após a secagem ao ar, as amostras destinadas
às análises químicas foram transformadas em serragem e feitas determinações quantitativas de extrativos
totais, da lignina, das cinzas, e o teor de holocelulose foi estimado por diferença. As amostras destinadas à
carbonização foram transformadas em cavacos, e carbonizadas em forno el étrico (mufla) por cinco horas
e meia. Foram feitas determinações dos rendimentos dos produtos das carbonizações, e das propriedades
físicas e químicas do carvão vegetal. De modo geral, as madeiras estudadas apresentaram características
físicas semelhantes. Com relação às características químicas, o pau-d’arco apresentou maior teor de lignina
(28,40 %), e não houve diferença significativa entre as espécies para o teor de holocelulose. O poder calorífico
superior da catingueira exibiu os menores valores, para a madeira (4.413,50 kcal.kg
-1) e carvão vegetal
(6.247,80 kcal.kg
-1), respectivamente. A catingueira apresentou um maior rendimento em carvão
(43,03 %), mas de qualidade inferior. O carvão vegetal do pau-d’arco apresentou o maior teor de carbono fixo (67,68 %). As espécies apresentaram densidade verdadeira do carvão e rendimento em carbono fixo
semelhantes. Pode-se concluir que as duas espécies de ocorrência no semiárido Nordestino, apresentam boas
características para produção de carvão. De modo geral, o pau-d’arco apresentou as melhores propriedades
para fins energéticos.