Os conhecimentos florístico e estrutural da comunidade arbórea são fundamentais para subsidiar estratégias
de restauração florestal. Neste sentido, foi realizado um levantamento fitossociológico em um fragmento
florestal situado nas margens de um tributário do Rio Caeté em Alfredo Wagner, SC, objetivando: i)
conhecer a estrutura e a florística da vegetação arbórea dessa floresta; ii) classificar as espécies encontradas
em grupos ecológicos e iii) comparar a florística da área estudada com outros estudos realizados em
Floresta Ombrófila Mista (FOM), Floresta Ombrófila Densa (FOD) e área de transição entre FOM-FOD de
Santa Catarina. Nesse fragmento foram alocadas 10 parcelas de 400 m
2 onde todos os indivíduos arbóreos
que apresentaram Circunferência a Altura do Peito (CAP, medido a 1,30 m do solo) igual ou superior a
15,7 cm foram medidos, marcados e identificados. As espécies foram classificadas nos grupos sucessionais:
pioneira, clímax exigente de luz ou clímax tolerante à sombra. Para a comparação florística com outros
remanescentes, foi utilizada a Análise de Correspondência Retificada (DCA). A estrutura do componente
arbóreo foi descrita pela densidade, frequência, dominância e Valor de Importância (VI). Os resultados
demonstram elevada riqueza florística (98 espécies). Foi possível constatar espécies típicas de FOM, como
Araucaria angustifolia
(Bert.) Kuntze, e espécies características de FOD, como
Byrsonima ligustrifolia
A.Juss., confirmando a característica do fragmento estudado de pertencer a uma área de tensão ecológica,
padrão confirmado na comparação da similaridade florística. As espécies com maior VI foram
Psychotria vellosiana
Benth.,
Alsophila setosa
Kaulf. e
Guatteria australis
A.St.-Hil. Estas e outras espécies de alto VI, por suas consideráveis representatividades na área, são importantes na restauração de florestas ciliares degradadas na região. Os plantios deverão ser planejados obedecendo-se ao grupo sucessional das espécies,
plantando-se as espécies pioneiras e clímax exigentes de luz em um primeiro momento (e.g.
Psychotria
vellosiana), seguidas, quando houver o sombreamento da área, das espécies clímax tolerantes à sombra
(e.g.
Alsophila setosa e
Guatteria australis).