Este estudo teve como objetivo caracterizar a estrutura populacional e os aspectos da regeneração de
Araucaria angustifolia
(Bertol.) Kuntze,
Blepharocalyx salicifolius
(Kunth) O. Berg e
Ilex paraguariensis
A. St.-Hil em diferentes condições ambientais e histórico de perturbação na Floresta Nacional de São
Francisco de Paula - RS. Foram utilizados seis conglomerados de um hectare, com 16 parcelas (20 x 20
m) cada, nos quais foram amostradas as espécies em três classes de tamanho. A classe de tamanho II (CT
II - diâmetro a altura do peito (DAP) ≥ 9,55 cm) foi inventariada nas 96 parcelas, a CT I (4,8 ≤ DAP
< 9,55 cm) em 36 subparcelas de 10 x 10 m e a regeneração natural estabelecida (RNE) (1 ≤ DAP < 4,8
cm) em 36 células de 3,16 x 3,16 m. Em todas as parcelas de 20 x 20 m foram avaliados o banco de
plântulas (BP - altura ≥ 30 cm e DAP < 1 cm), a chuva de sementes (CS) e o banco de sementes do
solo (BS). Os dados foram analisados considerando todos os ambientes conjunta e separadamente para
os agrupamentos identificados em estudo prévio na área. Foram avaliadas a estrutura diamétrica para a
CT II e densidade e frequência absoluta para todas as etapas do ciclo de vida (CS, BS, BP, RNE, CT I e
CT II). Os resultados indicaram grande variabilidade na densidade destas espécies nos diferentes ciclos
de vida e ambientes florestais.
Araucaria angustifolia demonstrou falhas no processo de regeneração em
ambiente com menor histórico de perturbação, não apresentando padrão de distribuição “J invertido” (CT
II) e menor capacidade de regeneração em relação às demais espécies nos mecanismos de regeneração (CS,
BS e BP).
Ilex paraguariensis e
Blepharocalyx salicifolius apresentaram melhor estabilidade populacional
em ambiente com menor nível de interferência antrópica (CT II). A primeira espécie apresentou melhores
condições de regeneração em ambientes de solo com boa drenagem e a segunda espécie demonstrou
preferência para solo mais úmido. Além disso, falhas no processo de regeneração das populações foram
detectadas e variaram de acordo com as condições ambientais e o histórico de perturbação de cada área.
Assim, identifica-se a importância de considerar os diferentes ambientes florestais, a autoecologia das
espécies e de aplicar possíveis intervenções que visem melhorar a regeneração e equilibrar a dinâmica
populacional destas espécies.