O processo de decomposição regula o acúmulo de serapilheira e a ciclagem de nutrientes em ecossistemas
florestais, sendo fundamental para sua manutenção. O objetivo deste trabalho foi avaliar a dinâmica de
decomposição foliar em uma Floresta Estacional Semidecidual Montana e em plantios homogêneos
de
Pterogyne nitens
Tul. e de
Eucalyptus urophylla
S. T. Blake, localizados no município de Vitória da
Conquista, Bahia, Brasil. Para avaliação da decomposição, folhas recém-caídas foram coletadas, secas
em estufa a 65oC, pesadas e colocadas em litter bags, que foram distribuídos aleatoriamente na superfície
do piso florestal de cada uma das áreas estudadas. Realizaram-se coletas de cinco
litter bags de forma
aleatória após 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias da instalação. Com base nas massas obtidas, foram estimados
o percentual de massa remanescente, as taxas de decomposição (
k) e o tempo de meia-vida do folhedo (
t1/2).
Para caracterização química, foram separadas três subamostras do material foliar seco, que foram moídas e
analisadas, determinando-se os teores de nitrogênio total, carbono, polifenóis, lignina e celulose. Os dados
de decomposição foram relacionados com variáveis ambientais (precipitação, temperatura e umidade do
ar) e microambientais (temperatura e umidade do solo) referentes ao mês de coleta. O acúmulo total de
serapilheira variou entre as áreas estudadas, o maior valor foi observado no plantio de
Eucalyptus urophylla
(12,7 Mg ha
-1), seguido pela floresta nativa (6,9 Mg ha
-1) e plantio de
Pterogyne nitens (1,1 Mg ha
-1). Ao
final dos seis meses de avaliação, o
Eucalyptus urophylla apresentou a maior massa remanescente (73,6%),
seguido da floresta nativa (67,8%) e
Pterogyne nitens (46,3%). A constante de decomposição (
k) foi maior
para a
Pterogyne nitens (0,0054 g g
-1dia), com menores valores para floresta nativa (0,0016 g g
-1dia) e
Eucalyptus urophylla (0,0015 g g
-1dia). A taxa de decomposição da serapilheira foliar do povoamento de
Pterogyne nitens situa-se em uma posição superior em relação às taxas da floresta nativa e do povoamento
de
Eucalyptus urophylla, o que proporciona à espécie maior capacidade de reciclar matéria orgânica e
nutrientes. O processo de decomposição nos ecossistemas estudados foi influenciado não apenas pela
qualidade do folhedo, mas também pela qualidade do seu microambiente.