Alterações no sistema de manejo pelo cultivo de diferentes povoamentos florestais e a utilização de rotação
de culturas podem levar a alterações na qualidade da matéria orgânica do solo (MOS) e deposição de
resíduos vegetais. O presente estudo avaliou o estádio de decomposição e a contribuição de compostos
de origem vegetal e microbiana para a MOS por meio de biomarcadores, tais como: fenóis derivados de
lignina, carboidratos e aminoaçúcares em monocultivos do
Eucalyptus urograndis (clone do
Eucalyptus urophylla
S. T. Blake x
Eucalyptus grandis
W. Hill ex Spreng) de ciclo curto (sete anos), sistemas de cultivo
de rotação de acácia (
Acacia mangium
Willd.) após monocultivo de eucalipto, monocultivo de eucalipto
de ciclo longo (24 anos) e mata nativa (Mata Atlântica) como condição original de solo do litoral Norte do
Espírito do Santo. Para tanto, foram estimados nas amostras de solo e serapilheira os teores de C orgânico
total (COT), N total (NT), teores de fenóis derivados de lignina (VSC), carboidratos e aminoaçúcares
derivados da atividade microbiana no solo e, as relações ácidos e aldeídos dos grupamentos vanilil
((Ac/Al)
Vanilil) e siringil ((Ac/Al)
Siringil) da lignina, relação hexoses/pentoses (H/P) dos carboidratos e, relações
glucosamina/ácido murâmico (Gluc/Mur.) e glucosamina/galactosamina (Gluc/Gal) dos aminoaçúcares. Os
resultados indicaram que na serapilheira do monocultivo de eucalipto de ciclo curto houve maior deposição
da matéria seca, teor de lignina (VSC) e carboidratos, relação C/N e VSC/N; Semelhante proporção de
resíduos grossos, resíduos finos e teor de C e, menor teor de N, comparado àquela sob rotação de acácia.
No solo, o cultivo de acácia aumentou os teores de C, N e carboidratos, aumentou a relação ácido/aldeído
do grupamento vanilil da lignina e a relação glucosamina/ácido murâmico dos aminoaçúcares derivados
da atividade microbiana. O aumento do tempo de cultivo do eucalipto (24 anos) incrementou o teor de C e
reduziu a relação VSC/N na MOS em comparação ao monocultivo de eucalipto de ciclo curto, e apresentou
teor de C e N inferiores àqueles observados no solo de acácia e mata nativa. A menor relação ácidos/
aldeídos (Ac/Al) dos fenóis derivados de lignina no solo cultivado com eucalipto (de curto e longo ciclo)
indica que a MOS encontra-se em estádio menos avançado de decomposição do que no solo cultivado com
acácia, e naquele de mata nativa. Nos solos de acácia, seguido por aquele de eucalipto, a maior relação
glucosamina/ácido murâmico sugere maior participação de fungos na comunidade microbiana, enquanto
nas áreas de mata nativa e eucalipto de ciclo longo há mais abundância de compostos derivados de bactérias.
Neste sentido, observou-se a recuperação na qualidade do solo cultivado com eucalipto de ciclo longo e
rotacionado com acácia em relação ao monocultivo de eucalipto de ciclo curto.